terça-feira, 23 de abril de 2013

INCLUSÃO - REALIDADE OU ILUSÃO?


Na verdade, o assunto inclusão do autista é muito controverso e polêmico, por isso, na realidade em que vivemos hoje, é melhor nem entrar no mérito da questão. O André hoje está incluso, mas no ensino pré escolar, portanto não está sendo tão complicado. Conseguimos para ele uma escola pequena, com apenas 3 salas, com poucos alunos por sala, onde o CEMA tem completo acesso e tanto os professores quanto a direção entendem o problema dele e fazem de tudo para ajudá-lo a se adaptar. Tem inclusive uma monitora que fica direto com ele em sala, a Santa Joana, que é seu anjo da guarda desde que ele começou a estudar lá há três anos. Ele está conseguindo acompanhar bem o programa oferecido, mesmo porque ele já entrou lá sabendo ler e escrever, portanto, não está sendo difícil esta adaptação. Já está bem socializado, brinca com as outras crianças, que o respeitam e até ajudam a cuidar dele. Essa é nossa realidade hoje. No próximo ano, com certeza vai mudar, porque ele irá ingressar no 1º ano do ensino fundamental, portanto terá que mudar de escola. Ainda não nos decidimos por nenhuma, teremos que fazer visitas e sondagens para ver qual a melhor para continuar com sua inclusão. Então ainda não passamos, e espero não passar, por tantas angustias como as que vejo relatadas, em que a escola aceita o aluno porque é lei, entretanto, não dá as mínimas condições para que o aluno se desenvolva a contento. É complicado, mesmo porque, cada caso é um caso, cada criança tem suas características, que tornam mais fácil ou mais difícil sua inclusão. Abaixo, duas reportagens interessantes sobre o assunto, que vale a pena ler para refletir.


Autismo: desafio é entender características para ajudar aprendizado

A representante da Coordenação de Inclusão Educacional da Secretaria de Estado de Educação do Rio, Norma Curty, reconhece que o grande número de alunos em sala de aula prejudica não apenas o aprendizado dos autistas, como de todos os alunos. "A redução é importante para a aprendizagem de qualquer sujeito. Já reduzimos um pouco o número, mas ainda é alto, com o limite de 50 alunos por sala. Por enquanto, não temos como diminuir. Mas para a criança autista clássica, com dificuldade de compreensão, a secretaria oferece monitores, para acompanhar essa criança e facilitar a mediação entre ela, o processo de aprendizagem, o professor e os amigos."A representante da secretaria disse que há cerca de 40 monitores para auxiliar casos mais graves de autismo, cadeirantes com mobilidade reduzida, dentre outros estudantes com grave comprometimento. Norma lembrou que os autistas clássicos têm maior comprometimento na área da comunicação e da linguagem e são casos mais complexos. Segundo ela, os portadores da síndrome de Asperger têm bom nível de aprendizagem e inteligência muito desenvolvida, porém dificuldades de interação social e de comunicação similares às de um autista clássico.
No ano passado, a rede estadual de ensino atendia 34 alunos autistas no segundo segmento do ensino fundamental e no ensino médio. Um núcleo pedagógico especializado orienta as escolas e os professores no acompanhamento desses alunos, além de dispor de salas de recursos multifuncionais para dar suporte. Para Norma, reduzir o número de estudantes em sala não é a única resposta para o problema da inclusão e um dos maiores desafios é entender as peculiaridades do autista para poder efetivamente ajudá-lo no processo de aprendizado."A angústia maior do professor é lidar com esse suposto silêncio, afastamento do aluno, compreender como chegar até ele e como tirar esse aluno do isolamento. Nossas equipes fazem capacitação desses professores durante todo o ano em todas as áreas, não só do autismo", declarou ela ao lembrar que a inclusão não passa apenas pela escola. "É um trabalho conjunto: família, escola, sociedade, políticas públicas para atender às necessidades desses alunos. Existe toda uma postura de aceitação, de se libertar dos preconceitos, dos estigmas, dos medos."
A diretora do Instituto Helena Antipoff, centro de referência de educação especial da prefeitura do Rio, Kátia Nunes, diz que a quantidade de alunos na sala não é o maior problema, mas, sim, a falta de esclarecimento e preparo dos professores para lidar com alunos com diferentes deficiências e síndromes, um fenômeno relativamente novo, segundo ela.
"Temos que ter um professor pesquisador, observador, com um novo olhar diante da diversidade, que atenda às necessidades específicas desses alunos que antes estavam em casa e agora estão nas escolas", disse. Segundo ela, há professores que desenvolvem um ótimo trabalho com 30 alunos em sala e outros que não conseguem trabalhar bem com dez.
Kátia informou que a prefeitura atende cerca de mil alunos com Transtornos Globais do esenvolvimento (TGD) - todos os tipos de autismo e psicoses infantis. Além de uma semana de capacitação de professores no início do ano letivo, o município oferece formação continuada sobre os diferentes tipos de deficiência, facilitadores e aulas de apoio fora do horário escolar. Entretanto, segundo ela, faltam disciplinas nas universidades para a formação dos professores sobre educação especial.



Agência Brasil



Para especialistas e familiares de autistas, não existe inclusão na escola
Está na lei, mas o direito das crianças autistas de estudar em escolas regulares com a atenção devida é ainda um sonho distante, segundo especialistas e parentes de estudantes autistas. Para a fundadora da Associação Mão Amiga, Mônica Accioly, a inclusão dessas crianças nas escolas é pontual.Mônica desenvolve na associação trabalhos com crianças autistas e suas famílias e conhece bem a realidade desses alunos que fazem peregrinações por instituições de ensino, sobretudo no ensino médio. "Quando chega o sexto ano, (a criança tem contato com) quatro, cinco, professores por dia. É um esforço imenso para o autista, pois exige um nível de organização alto. Mas, na verdade, com pequenas adaptações, simples até, o próprio professor poderia ajudar a criança a organizar sua rotina", disse ela, citando como exemplo uma lista com as tarefas do dia, que poderia ser colada na carteira do aluno.
Cansada de buscar uma escola que acolhesse o neto autista, a pedagoga Regina Angeiras decidiu criar uma escola que atendesse a toda e qualquer criança. A escola Divertivendo, na zona sul do Rio, desenvolve há sete anos um projeto para crianças com déficit intelectual e crianças sem nenhum problema de aprendizado. "As escolas que se dizem inclusivas, na verdade, apenas abrem suas portas", disse.
Para Regina, uma escola verdadeiramente inclusiva deve, em primeiro lugar, ter poucos alunos em sala de aula. Ela explicou que o número reduzido dos alunos em sala é o primeiro passo, já que são necessárias avaliações diferentes, cada um deve ser olhado individualmente e há atividades específicas para suas dificuldades, seja ele autista ou não. "Não dá para a professora fazer esse trabalho com 20 crianças em sala de aula. Não dá para escrever no quadro e apagar em seguida, por exemplo, pois cada um tem seu tempo."
Na escola que ela dirige, a média é oito crianças em sala. Do total de alunos, 15 têm algum tipo de dificuldade cognitiva e desses, dez são autistas. Apenas quatro alunos não têm nenhuma dificuldade de aprendizado. "Não era assim, mas infelizmente os próprios pais que têm filhos com (necessidades especiais) não deixam na mesma escola os irmãos que não têm."

Segundo Regina, uma escola inclusiva precisa elaborar uma adaptação do currículo e investir seriamente na formação específica dos docentes. "Não adianta apenas aceitar a criança olhando para o teto em sala de aula. A escola deve estar preparada com um projeto pedagógico."
Regina explicou que, para o autista, é fundamental que ele vivencie todo o processo de aprendizagem. "Trabalhamos com pedagogia de projetos. Se vamos estudar os animais, levamos a turma ao zoológico e tiramos fotos com eles. Quando voltamos, fazemos os trabalhos com as fotos deles. E na avaliação sobre a experiência no zoológico, está lá a foto. Se não vivenciarem, fica tudo muito distante para eles."
Regina ressaltou que há casos graves, em que não adianta o autista frequentar a escola. "Não há regra, mas há casos em que a criança realmente não vai aproveitar aquele ambiente."










Agência Brasil

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