sexta-feira, 5 de abril de 2013

DIÁRIO DO ANDRÉ - DE 26 DE MARÇO A 05 DE ABRIL DE 2013


Agora ele é o Shy Guy...
A cada dia que passa, o André está ficando mais perceptivo do mundo a sua volta, mais atento ao que se faz e o que se fala perto dele. E também está demonstrando cada vez mais o pensamento concreto, uma característica forte dos autistas. Agora temos que nos policiar cada vez mais sobre a forma de conversar com ele, ou perto dele, formular melhor as perguntas ou comando que damos a ele, pois cada dia mais, ele mostra como entende tudo bem literalmente. Como no dia em que ele queria jogar um game que ele não sabe muito bem ainda, e ficava extremamente nervoso cada vez que perdia. Eu guardei o jogo e ele ficou procurando para jogar. Então eu disse a ele - " E se eu te der o CD e você perder o jogo, o que vai fazer, vai brigar?" ele me olhou com espanto e disse: - "Se eu perder eu acho ele de novo ué..." Também parece estar percebendo ou sentindo, que há algo nele que o diferencia dos outros, e essa consciência está deixando-o muito angustiado... hoje por exemplo, na hora de ir para a escola ficou muito agoniado, dizendo que não queria ir, que não sabia fazer nada, que não sabia pintar. Falei pra ele que ele é muito esperto, que sabe ler, escrever, que precisava ir a escola para poder aprender ainda mais. Ele disse que não, que eu sei escrever melhor que ele, que ele não é esperto nada, que não queria ir na escola aprender. Foi bastante difícil acalma-lo, mas acabei conseguindo, dizendo que ele escreve muito mais bonito que eu, e que iria ajudá-lo a pintar melhor. Não entendo o que está acontecendo, sempre soube que chegaria uma hora em que ele iria perceber que é um pouco diferente dos outros, mas não achei que seria tão cedo. Confesso que muitas vezes não sei ao certo a maneira mais correta de agir, então tento mostrar a ele as coisas que ele sabe fazer, valorizá-lo, engrandece-lo com relação ao resto da turma, mostrando que ele sabe mais que eles, mas não sei se esta é a melhor maneira de confortá-lo, pois tenho medo que isso acentue ainda mais essa sede que ele tem de sempre ser o primeiro em tudo...Conversei com a Elis, psicóloga do CEMA, sobre isso, sobre tantas coisas que estão me deixando muito agoniada, pois percebo que ele está sofrendo e é muito difícil não saber o que é melhor fazer para ajudá-lo...a Elis disse que é bom que ele esteja mais perceptível, que iria ser trabalhado com ele essa rigidez do pensamento concreto que ele apresenta, disse também que essa fixação por personagens que ele voltou a apresentar também é boa, pois mostra que ele está usando bastante o lado da imaginação, a preocupação é ele saber diferenciar a imaginação da realidade, questão que também será trabalhada nas seções com ela. Um exemplo dessa confusão foi quando ele jogando Mario Kart, perdeu o jogo para o personagem Luigi. Ele ficou muito bravo, desligou o game, foi até o quarto, e perguntou para o Léo se ele era o Luigi. O pobrezinho inocentemente respondeu que sim, ele ficou bravo com o Léo e bateu nele, pois ele tinha vencido o jogo...Pobre Léo, se fica quieto apanha, se responde apanha...Tento interceder, conversar, mas de nada adianta...Hoje a equipe foi até a escola para averiguar como ele está e orientar a professora...Vamos ver na segunda-feira como foi...Semana que vem também teremos a primeira seção com a Elis, eu e o Lony, a princípio, depois o André...Estou bastante esperançosa que vamos conseguir grandes progressos com essas seções...
Achei muito interessante uma matéria do blog Autismo e Realidade, e estou compartilhando, pois é muito bom, fala sobre a importância do diagnóstico e intervenção precoces e como ele pode ajudar e muito, a melhorar as expectativas quanto ao futuro. 

Estudo Confirma “Resultados Favoráveis”


Algumas crianças diagnosticadas com autismo no início da infância atingem “resultados favoráveis”, com níveis de funções similares às funções típicas de crianças da mesma idade. As descobertas foram publicadas hoje no Jornal de Psicologia e Psiquiatria Infantil [Journal of Child Psychology and Psychiatry].
“Apesar de o diagnóstico de autismo não costumar desaparecer ao longo do tempo, as descobertas sugerem que existe uma ampla variedade de possíveis resultados,” disse o médico Dr. Thomas Insel, diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA [National Institutes of Mental Health - NIMH]. “Para uma criança, individualmente, o resultado pode se revelar apenas ao longo do tempo, e após alguns anos de intervenção.”
O relatório publicado esta semana é o primeiro de uma série de estudos sobre resultados favoráveis em casos de autismo, patrocinados pelo NIMH. Eles se baseiam em relatos prévios de que um pequeno grupo de crianças parece “perder” seu diagnóstico de autismo ao longo do tempo. Alguns especialistas questionaram a precisão dos diagnósticos iniciais dessas crianças. Outros argumentaram que a mera capacidade de realizar atividades em uma sala de aula convencional não significa que essas crianças não lutem em silêncio contra deficiências relacionadas ao autismo.
O novo estudo foi coordenado pela Dra. Deborah Fein, da Universidade de Connecticut, Storrs. Sua equipe recrutou 34 crianças, adolescentes e jovens (de 8 a 21 anos de idade) diagnosticados com autismo no início da vida. Todos acabaram em salas de aula convencionais sem precisar de serviços de educação especial para autistas. Para fins de comparação, os pesquisadores incluíram 44 indivíduos com autismo de alta funcionalidade, e 34 crianças com desenvolvimento típico.
Primeiro, a equipe de pesquisa verificou a precisão dos diagnósticos precoces de autismo, revisando os históricos de avaliações dos diagnósticos dos participantes. Em seguida, eles “mascararam” essas avaliações, removendo o diagnóstico de DEA e submetendo apenas as informações comportamentais à avaliação de um especialista independente.
Os pesquisadores concluíram que as crianças do grupo de resultados favoráveis inicialmente apresentavam dificuldades sociais mais brandas, e QIs ligeiramente mais altos que o grupo de autismo de alta funcionalidade. Porém, na época do diagnóstico, seus problemas de comunicação e comportamentos repetitivos tinham a mesma severidade.
Assim que seu diagnóstico precoce de autismo foi confirmado, os participantes passaram por uma análise completa de DEA. A análise incluía testes padrão de avaliação da linguagem, comunicação, reconhecimento facial e interação social. No geral, o grupo que obteve resultados favoráveis apresentou uma pontuação similar aos participantes convencionais, e muito acima da pontuação do grupo com autismo de alta funcionalidade.
Os pesquisadores também coletaram uma grande quantidade de informações relacionadas sobre os participantes. Essas informações incluíam neuroimagiologia, avaliações psiquiátricas, e informações sobre terapias relacionadas ao autismo a que os participantes se submeteram no início da infância. Os pesquisadores esperam usar essas informações em relatórios futuros para responderem a inúmeras perguntas. As seguintes perguntas são de especial interesse: Os resultados favoráveis refletem mudanças nas funções cerebrais?
Quais tratamentos, se houver, estão associados aos resultados favoráveis? Qual a importância do papel desempenhado pelo QI?
“Sabemos que a intervenção precoce de alta qualidade otimiza o resultado de indivíduos com autismo,” comentou a Diretora Científica da Autism Speaks, a Dra. Geri Dawson.
“Enquanto apenas uma minoria das crianças perde o diagnóstico, o estudo mostra que
esses resultados positivos são possíveis. Isso nos dá esperança e valoriza a necessidade de continuarmos a defender um melhor acesso à intervenção precoce para crianças com autismo.”



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