quarta-feira, 3 de outubro de 2012

DIÁRIO DO ANDRÉ - DE 22 A 30 DE SETEMBRO DE 2012


Assim que chegou do hospital - ainda meio abatido,
 mas muito feliz por estar em casa
Que semana esta!! Correria no trabalho, susto e sofrimento em casa. Dia 27 o André teve retorno com a neuro, Dr.ª Andréa. Ela o achou bem, porém, como ainda vinha apresentando agitação e agressividade, tanto em casa quanto no CEMA, ela achou melhor aumentar a dose do tofranil, dando um comprimido de 25mg á noite e um de 10mg pela manhã, mantendo o risperdal no mesmo esquema, 1ml á noite e 1ml de manhã, (retornando em  3 semanas para nova avaliação). Começamos o esquema no dia 28 (sexta -feira) tudo normal, o remédio demora um pouco para surtir efeito, estávamos caminhando até que no sábado, dia 30, ele sofreu um acidente -17: 45- (caiu da beliche enquanto brincava com o irmão Léo). O Lony o levou imediatamente para o hospital pois disse que, além do estrondo de estalo, quando ele o levantou do chão, o André sentiu uma vontade de vomitar, pressentindo assim  que era mais do que uma simples pancada na cabeça, me ligou, pois eu estava no cartório, para que eu fosse direto para lá. Imaginem como saí daquele cartório, correndo feito louca, sem saber ao certo o que tinha ocorrido, mil coisas passando ao mesmo tempo pela cabeça...Cheguei ao hospital eles ainda estavam na triagem. Passou com o pediatra que mandou que ele ficasse em observação por 6 horas, e só. Não pediu nenhum exame, nenhum raio x. Ah, não me contive e fui conversar com ele, indagar o porque disto, afinal, ele havia batido a cabeça, e o normal seria pedir algum exame. Ele disse que iria observá-lo e que se achasse necessário, ele pediria, que não iria expô-lo a radiação sem necessidade. Fiquei pê da vida, mas no fim, tive que aceitar. Ficamos na observação. O tempo todo ele estava consciente, e muito assustado. Então, quando já faziam umas duas horas que estávamos na observação, ele reclamou que estava com a garganta doendo e inchada, e eu percebi que sua têmpora direita estava inchando também. Até então, ninguém sabia ao certo o local da batida. O Lony chamou o médico (que já não era o que havia atendido na entrada), e ele o examinou. O problema é que o examinou e saiu do quarto assim...sem ao menos uma palavra...Nestas alturas, eu já estava hiper indignada, pê da vida e muito, muito irritada, fui atrás da enfermeira para saber do médico que o atendeu no início e disse que iria observá-lo. Fui informada que eles faziam revesamento, e que o outro voltaria mais tarde... Eu disse que não queria que aquele animal atendesse o meu filho...estava louca da vida, e sai furiosa para ligar para a pediatra dele, a Dr.ª Soraia. Enquanto estava no telefone com ela, a enfermeira veio chamar -20:30- , dizendo que iriam levá-lo para fazer uma tomografia, e que o Lony precisava da minha ajuda para segurá-lo....Ou seja, o médico mal educado examinou-o e achou melhor fazer uma tomografia, mas não nos disse nada... Percebi que ele é um animal, mas, um animal competente pelo menos. Fomos para a tomografia já temendo, pois a última tomografia que ele teve que fazer, teve que ser com sedação geral, pois ele não deixou fazer. Até a técnica que faz o exame estava com medo, achando que não conseguiria. Quando entramos na sala, realmente ele ficou muito nervoso, não queria deitar na cama, queria fugir, fez um escarcéu. Eu até sai da sala, pois estava quase chorando junto, de tanto nervoso. Então o Lony (que sempre tem mais sangue frio do que eu nessas horas, e mais paciência também) conversou com ele, explicou o que tinha que fazer, e...ele deixou fazer o exame...simples assim. Ficou deitadinho, muito embora estava na cara que estava muito assustado e morrendo de medo, mas quietinho e deixou fazer o exame. Todos ficaram admirados com seu comportamento, e eu, muito orgulhosa e emocionada. Minha vontade, ao vê-lo tão pequeno e frágil, tremendo de medo, era pegá-lo e levá-lo embora, mas tive que me conter, pois sabia que era extremamente necessário. Voltamos para a sala de observação, para aguardar o resultado, e no caminho, ele voltou a reclamar da garganta. Quando estávamos chegando ao quarto, ele vomitou tudo que tinha no estômago, e ficou ainda mais abatido. Na minha cabeça, eles iriam trazer o resultado, dizendo que não tinha acontecido nada, e nos liberariam para levá-lo pra casa. Cheguei até a arrumar as coisas (pois a essa altura, o Lony já tinha trazido todas as coisas que ele gosta, além de roupas e brinquedos, para tentar distraí-lo), pois tinha certeza que iriamos embora. Grande engano... Passado um tempo, veio um neurologista conversar conosco-21:40. Nos disse que o André havia sofrido uma fratura de crânio, e que estava com sangramento. Que seria transferido para a UTI onde teria que ficar sendo monitorado, e que provavelmente teria que passar por uma cirurgia, caso o sangramento não cedesse ou se criasse algum coágulo, além de colocá-lo de jejum absoluto, para o caso de necessitar ser operado de emergência, nem o remédio dele era pra dar, pois poderia mascarar algum sintoma...Cada palavra dele era uma pontada em nosso coração...Não podia acreditar, ter que interná-lo, ainda mais na UTI, com risco iminente de passar por uma cirurgia...Não consegui me segurar, por mais que tentasse, desabei...sumiu o chão sob meus pés, não sabia nem o que dizer pro médico, só fiquei observando enquanto ele conversava com o Lony, que também estava muito abalado. O médico saiu, dizendo que iria providenciar sua remoção para a UTI, e eu corri ligar novamente para a Dr.ª Soraia. Estava apavorada...Conversei com ela, pedi que ela intercedesse, que verificasse a real necessidade dessa remoção, afinal, um ambiente de UTI é bem mais tenso, e ele já estava tão assustado, nervoso, agitado...Ela ligou para o neurocirurgião que estava acompanhando o caso, que por sorte, é o primo da Dr.ª Andréa, e também médico do André. Quando voltei para o quarto, +-22:00 o neurologista voltou, disse que havia conversado com o chefe da neurologia e que ele havia dito que não era para removê-lo, para deixá-lo na observação até de manhã, quando fariam nova tomografia. Graças a Deus, pelo menos isso...Foi uma noite de agonia, nenhum dos três dormiu direito - o Lony até chegou a se deitar na cama com ele, mas ele estava tão agitado, que nenhum dos dois dormiu, e eu fiquei na cadeira, meio deitada, meio sentada, andando, saindo, voltando. A pior coisa que tem é passar noite no hospital, ainda mais do lado da emergência....Foi terrível...Dei graças a Deus quando amanheceu. Só para depois ficar ainda mais agoniada...Pois logo que amanheceu, por volta das 8:15 veio outra neurologista - , disse novamente que iriam removê-lo, que ele teria que ficar internado por pelo menos 72 horas, que fariam nova tomografia, e caso o sangramento não tivesse parado, iriam submetê-lo a cirurgia...O Lony chegou a argumentar com ela, dizendo que em casa ele ficaria muito mais tranquilo, que não podiam interná-lo, pois isso iria aumentar sua agitação e talvez até fazer aumentar o sangramento. Ela tornou a repetir que era necessário, que ele estava com sangue no cérebro e que isso é muito perigoso...Foram palavras difíceis de serem ouvidas...O Lony então se conformou, e percebeu que era hora de avisar a vó e a tia, pois até então ninguém sabia de nada. Enquanto isso, liguei novamente para a pediatra dele para passar esses detalhes, ela disse para fazermos a tomo, que ela falaria novamente com o neuro. Durante o tempo em que ficamos esperando para fazermos o exame, disseram que tinham que colher sangue para fazer os exames pré internação, e colocar cateter de acesso...Novo pesadelo, pois foi muito, mas muito difícil segurá-lo. Desta vez ele não colaborou e teve que ser á força...Imaginem a agonia, ele ficou tão nervoso, que começou a enrolar as palavras, praticamente a delirar, falando um monte de coisas sem sentido algum...quase desisti....mas conseguimos. Ele ainda tentou tirar várias vezes o acesso, mas o Lony conseguiu convencê-lo...Fizemos a nova tomografia - 9:40, e voltamos para o quarto, aguardando o resultado e a transferência para o quarto onde ele ficaria internado. Qual não foi nossa surpresa, quando a neurologista voltou, nos disse que a tomografia dele estava ótima, que o corpo havia absorvido o coágulo, que o sangramento praticamente havia sessado, havia só um pequenino sangramento, e o melhor de tudo....que o cirurgião havia autorizado levá-lo pra casa, com a condição de continuarmos a observá-lo, e voltar para o hospital ao menor sinal de complicação...caso ele perdesse a consciência, ficasse sonolento demais ou vomitasse. Nossa, fiquei tão feliz, que tive vontade de chorar de novo, só que de alegria...O André ficou tão feliz quando dissemos que iriamos embora, que nem se importou quando a enfermeira veio tirar o acesso do braço dele, até agradeceu...e saiu chamando o Léo, pois nesse tempo todo que ficou no hospital, ficou procurando o irmão....Graças a Deus, as orações de todos os nossos amigos e a pediatra dele, que intercedeu a nosso favor, explicando para a equipe de neurologia que em casa ele ficaria mais tranquilo e assim poderíamos observá-lo melhor, pois no hospital a agitação e nervosismo que ele estava sentindo e alguns aspectos do próprio autismo, poderia se confundir com qualquer outro sintoma da fratura, ficando mais difícil diagnosticar qualquer outro sintoma,  pudemos sair daquele hospital. Quando chegamos em casa, o André entrou correndo procurando o Léo, foi lindo ver o reencontro deles...e já começaram a aprontar de novo. A avó e a tia chegaram no mesmo dia, e a alegria foi completa. Ontem, 02 de outubro, se completou as 72 horas da observação. Até então, eu ainda estava meio neurótica, achando que estava inchando mais a têmpora dele (e estava mesmo), mas agora parece que já está querendo começar a desinchar...ainda vou verificar com a pediatra se ele já pode retomar a rotina da escola, pois ao CEMA ele retorna hoje...senão ele se acostuma a ficar em casa, aí já viu né...não vai querer ir mais. Depois de tudo isso, notamos que ele ficou mais agitado e agressivo, porém, não dá pra saber se foi devido ao trauma ou devido ao fato de ter ficado esses dias sem o risperdal, pois só normalizamos ontem as doses...Graças a Deus, esse foi o fim de mais um dos sustos que o André nos passou desde que nasceu...Esperamos, sinceramente, que seja o último...

O reencontro dos artistas....




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