segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

2014 - ANO NOVO - NOVOS DESAFIOS

Ano novo, vida nova, casa nova, escola nova, novos problemas ... 2014 começou a mil por hora, com muitas mudanças. Desde de o dia 10 de fevereiro, diminuímos a dose do Risperdal, passando para 0.5 ml de manhã e 1,0 ml de noite, sem mexer no Tofranil, que continua 2 de manhã e 2 de noite, parece pouco, mas já mexeu com ele, que esta mais depressivo, agressivo e extremamente intolerante e impulsivo - Tão impulsivo, que semana passada, não queria que o Léo assistisse Bob Esponja, então ele jogou o controle remoto na tela da TV novinha que o Lony acabou de comprar... Por outro lado, parece que aguçou sua percepção e memória, está se lembrando de coisas que aconteceram há muito tempo atrás ... esses dias, se lembrou do nosso cachorrinho que morreu há mais de 3 meses...(ele não ficou sabendo que o cachorro morreu, dissemos que foi para o hospital, mas estou achando que logo vamos ter que contar)  e ficou chorando dizendo que queria o cachorro... depois entrou em crise, dizendo que é pobre, que não tem dinheiro ... perguntei porque queria dinheiro, e respondeu que é pra comprar "itens", que precisa ir na loja e comprar "itens"- que é sua nova forma de designar qualquer coisa, por causa do jogo MINECRAFT-. Há dois meses nos mudamos para nossa tão sonhada casa própria, bem melhor que a anterior, ficamos apreensivos, preocupados com a mudança e suas consequências pro André, pois antes da mudança, enquanto empacotávamos as coisas, ele disse que não queria mudar, que não gostava de casas grandes, que queria ficar na casa pequena mesmo, etc, mas, mais uma vez ele nos surpreendeu ...não só amou a nova casa, como até agora não disse nenhuma vez que queria voltar para a outra casa. Ficou um pouco apreensivo durante a mudança, mas quando chegou o caminhão com os móveis e brinquedos dele, ele ficou tão aliviado e feliz, que foi agradecer ao motorista do caminhão por ter trazido as coisas dele... Montamos um cantinho especial para ele e o irmão, com todos os seus brinquedos e jogos, e ele passa a maior parte do tempo lá, simplesmente adora... acorda de manhã e já corre pra lá...Alem desta mudança, este ano houve também mudança de escola, para o 1 ano do ensino fundamental, em uma escola bem maior que a outra - Waldemar Lucatto, que foi recomendada pelo CEMA, pois foi muito boa pro Artur, outro autista de lá que a frequenta. Eu fiquei bastante apreensiva pelo tamanho da escola e pelo fato de que não teria ninguém para ficar com ele lá. Procuramos várias outras alternativas, inclusive particulares, mas sempre esbarramos no mesmo problema - falta de profissional qualificado para ficar com ele. Então como a Secretaria de Educação me garantiu que teria a professora assistente na sala, que ficaria com ele, decidimos tentar...O mais incrível é que ele estava desesperado começar na escola, pois para o Léo e a Gabriela as aulas começaram mais cedo, por serem escolas do estado, e ele ficava sozinho em casa com o pai. Ao que parecia nos primeiros dias, ele estava até gostando, ficou todo entusiasmado com os materiais escolares, super feliz com a escola e tudo... mas, como tudo na jornada do André não dura muito, foi só a professora começar a apertar o cerco, obrigando-o a fazer as atividades  propostas, que já quer fugir ... a professora disse que ele é o único na sala já alfabetizado, e que ele é muito inteligente, só que não quer saber de escrever, nem fazer as lições. Todo dia agora é a mesma coisa, quer ir ao CEMA, mas não quer ir a escola. Dia 21 tivemos a primeira reunião do ano com a professora nova - Professora Rita, que me pareceu muito boa, enérgica quando necessário, e sabe bem driblar as dificuldades do André, ela entende as diferenças de cada um e procura orientar e direcionar. Na sala também tem uma professora substituta que auxilia a professora com ele e também com os alunos em geral que apresentam dificuldades - a Ana Clara... ele já entrou em guerra com ela, diz que ela é chata, que não gosta dela - sexta feira passada, ele estava fazendo atividades com a tesoura e cortou o próprio cabelo...a Ana Clara tirou a tesoura dele - ele diz que não gosta dela porque ela "roubou" seus "itens escolares"...diz que não gosta da escola, não quer ir na escola, não precisa de escola. Mas, graças a Deus, tanto a professora dele quanto a professora assistente parecem ser bem tarimbadas em lidar com isso, pois já tiveram outro aluno autista, diferente do André, mas com as mesmas necessidades de atenção especial. Fiquei um pouco mais tranquila, pelo menos na questão da sala de aula. Já fora da sala é outra questão, que anda me tirando o sono... pois como é uma escola maior, na hora do intervalo, na maioria das vezes ele fica sozinho... muito embora eu não saiba direito ainda, pois as vezes ele relata que ficou alguém outras vezes diz que ficou só com os coleguinhas. é uma questão que acho que teremos que resolver juridicamente, pois a escola não tem a mínima condição de manter uma monitora exclusiva para ficar com ele, e nem as monitoras têm preparo para lidar com ele ou com possíveis crises que ele possa ter, o ideal seria que tivesse uma pessoa especializada, um cuidador preparado para essa função, coisa que a prefeitura ainda não tem, que está apenas no projeto contratar. Mas vou conversar com o pessoal do CEMA, arregimentar mães na mesma situação, para que possamos tentar alguma coisa junto ao Ministério Público. Tenho fé que  conseguiremos, mesmo que não consigamos pra já, uma hora a gente consegue. A situação no intervalo é a que mais me preocupa, pois apesar de saber se alimentar sozinho, ainda apresenta certa dependência na hora de usar o banheiro por exemplo, porque mesmo sabendo se limpar e por a roupa, ele sempre chama alguém para ajudá-lo, e se ninguém aparecer e direcioná-lo sobre o que fazer, pode até sair do banheiro sem roupas, esperando que alguém o vista. Já conversei e converso com ele sobre isso todos os dias, ensinando-o a se limpar, a se vestir, mas com ele tudo é um pouco mais difícil, tem que ser um trabalho contínuo ... além disso, ele é muito intolerante com os coleguinhas , não aceita que corram ou façam bagunça perto dele ou na mesa, e acaba causando atritos, e por causa disso. (dessa intolerância á bagunça) nos primeiros dias de aula, na mesa da merenda, um coleguinha estava balançando a mesa e não o deixava comer direito, então ele enfiou um garfo no menino ... no mesmo dia, na classe, na hora da leitura, uma coleguinha pegou o mesmo gibi que ele queria ler...aí já viu, quis agredir a menina, queria furá-la com o lápis, brigou...Dia 20, na educação física, um coleguinha estava com uma formiga no braço, e quando ele foi tirá-la, o André pegou um graveto e enfiou no rosto do menino, dizendo que não podia matar a formiga, porque era uma formiga bebê...Enfim, por essas e outras que ele necessita de alguém com ele, para intermediar essas situações e ajudá-lo a se entrosar. Enquanto estávamos na reunião, a Gabriela ficou com ele pela escola, e depois me relatou que acha que ele é muito discriminado pelos coleguinhas, que ninguém quer brincar com ele...É difícil, mas agora é que começaremos a sentir na pele a discriminação, e o que é pior, ele também...











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